A comunidade de Pelotas e região terá a oportunidade de conhecer o resultado do cuidadoso processo de restauração do patrimônio missioneiro. Nesta quarta-feira, dia 18 de setembro, o Museu do Doce, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), abrirá suas portas para a Exposição de Esculturas Missioneiras, apresentando imagens devocionais restauradas pelo curso de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis da UFPel.
As esculturas, enviadas pelo Museu Antropológico Diretor Pestana (Madp) em 2023, passaram por um minucioso processo de recuperação. Essas obras, de diferentes épocas, incluindo algumas do século XVII, estavam em estado delicado de conservação, com destaque para a escultura de Santo Isidro, que necessitava de urgente intervenção. Agora, completamente restauradas, elas retornam para serem apreciadas pela comunidade, revelando sua beleza original e o profundo valor histórico que carregam.
O projeto de restauração foi possível graças à parceria entre o Madp e a UFPel. Além de garantir a preservação das esculturas, o processo também proporcionou conhecimento científico e acadêmico aos alunos do curso de Conservação e Restauro. Segundo Belair Aparecida Stefanello, educadora do Madp, a restauração das imagens missioneiras do acervo do Museu atende a uma antiga demanda. Essas peças, integradas ao acervo nas décadas de 1960 e 1970, são testemunhos materiais do período das Missões Jesuíticas Guarani e representam um capítulo significativo da história do Brasil e de outros países da América do Sul, como Argentina e Paraguai.
Segundo a professora Daniele Fonseca, que coordenou a atividade, a cooperação técnica com o Museu Antropológico Diretor Pestana permitiu aos alunos vivenciar a prática real de conservação e restauração, abordando tanto questões materiais quanto imateriais relacionadas às obras. "Esse projeto de extensão não só enriquece a formação acadêmica, como também reforça o compromisso da universidade em prestar serviços à sociedade. A restauração realizada preserva os valores simbólicos das esculturas, respeitando suas trajetórias históricas e culturais, em diálogo com o significado que elas carregam para a comunidade e o Madp".
Noris Leal, professora de Museologia e diretora do Museu do Doce, ressalta que como museu universitário, o Museu do Doce é um laboratório de ensino para os estudantes da UFPel e uma ponte de ligação entre a academia e a comunidade. “Apresentar o trabalho de restauração desenvolvido por nossos alunos e docentes permite que o público, seja de Pelotas ou de outras regiões, conheça não apenas o processo de restauro, mas também tenha acesso ao valioso acervo missioneiro do Museu Antropológico Diretor Pestana”.
Durante a Exposição, o público terá a oportunidade de interagir com as obras de forma inovadora, explorando versões virtualizadas das esculturas através de modelos 3D digitalizados por fotogrametria. Essa tecnologia, desenvolvida na pesquisa da mestranda Olga Geni Pinto Jeck Cabral, da UFPel, permite que os visitantes acessem as peças de maneira imersiva e interativa. A pesquisa, intitulada "Aplicação da Digitalização 3D com Fotogrametria na Documentação e Criação de Acervos Virtuais", visa tornar o patrimônio cultural mais acessível e ampliar a experiência do público, conectando inovação tecnológica e preservação cultural.
A restauração dessas obras não apenas preserva elementos históricos e culturais essenciais da região Noroeste do Rio Grande do Sul, como também reforça o vínculo das gerações atuais com o passado, assegurando que a herança cultural das Missões Indígenas-Jesuíticas continue a ser apreciada e valorizada.
Agora, com o trabalho concluído, as esculturas missioneiras restauradas estão prontas para voltar ao público, e a comunidade está convidada a participar desta celebração em prol da preservação do patrimônio cultural.